Zé Pereira

História

A tradição de construir os bonecos gigantes surgiu na Europa, provavelmente durante a Idade Média. Começou com as religiões pagãs, na expressão de seus mitos, ficando muito tempo escondidos por medo da Inquisição. Chegaram ao Brasil com os portugueses, desfilando inicialmente em procissões e festividades religiosas na figura de bufões ou reproduzindo santos católicos. Em São Bento do Sapucaí, a tradição dos bonecões começou alguns anos após a fundação da cidade, lá pelo início do Século XX, contrariando o que muitos pensam começaram antes dos Bonecos de Olinda (1931). Surge então um boneco que toma conta das ruas de São Bento, seu nome se relaciona ao fundador da cidade Tenente “José Pereira Alves”, como também aos batuques e diversão carnavalesca “Zé Pereira” em Portugal no Século XIX. Sua imagem, se relaciona ao Coronel, usa paletó, gravata, barba, bigode e sua tradicional cartola. Relaciona-se o nome de Zé Franco ao possível pioneiro, mas sabe-se que os irmãos Antônio e João Cortez não ficaram conhecidos apenas pela conquista ao topo da Pedra do Baú, mas também pela confecção dos bonecões. Foram com eles que em 1940 o Zé Pereira se fortalece com a chegada de sua esposa Maria Pereira. Os bonecos mais antigos, tinham suas cabeças moldadas em barro de olaria (que servia de molde para a face do Zé Pereira) e depois de bem seca começavam a pintura, onde usava-se tinta em pó com clara de ovo para dar brilho. Posteriormente, as cabeças começaram a ser feitas com jornais colados com grude de feito de farinha de trigo até ficar com uma textura relativamente forte. A estrutura da cabeça era feita em madeira, em formato de cruz, que além de sustentar o jornal que vinha a ser aplicado, servia como norte para o nariz, olhos e orelhas. O corpo do boneco era uma armação de jacá de bambu e suas mãos eram feitas em napa e enchidas com areia. Em 1960, Bento Cortez, filho do Antônio Cortez passa a confeccionar os bonecos e a responsabilidade dos mesmos passaram a ser da Prefeitura Municipal. Em 1970, Bento aprende a arte de esculpir em isopor, substituindo assim as cabeças que antes eram feitas de jornal. Em 1992, José Vicente da Silva, artista plástico e artista amador de teatro, toma frente da confecção dos bonecos, confeccionando os atuais Zé e Maria Pereira. Em 1994, a pedido da até então Primeira-Dama Célia Venâncio, José Vicente cria o Kiko (Pereirinha) e em 1996 a Mariinha, filhos do casal. Em 2008, José Vicente confeccionou seus últimos bonecos, o casal Tomé e Amélia, o Dieguito e o Zé Neguinho. Um novo Kiko foi feito para substituir o antigo que acabou se quebrando. Além dos atuais personagens, a família Zé Pereira contou com a passagem de vários outros, como por exemplo o Bumba meu Boi (1994), Zé Foguinho e Baiana (2006), Armandinho (2008) – o boneco era o antigo Kiko que veio a ser substituído, ganhando barba e óculos – e também o DJ (2011). Após 10 anos da última geração de bonecos, em 2019 família Zé Pereira ganhou mais um integrante: o Pabllito, boneco confeccionado pelo artista Renan Castro e inspirado em um integrante do Bloco, Guilherme Patric. Atualmente o Bloco Zé Pereira é coordenado pelo Matheus Venâncio, e hoje a família Zé Pereira é a maior manifestação cultural do município, arrastando multidões de crianças e adultos pelas ruas da cidade nos 30 dias que antecedem o Carnaval, além de datas comemorativas. Nossos bonecões já participaram de vários eventos importantes, como a Festa do Estado em Brasília, apresentações em cidades da região, e mais recentemente em 2017, na feira internacional de turismo em São Paulo “World Travel Market Latin América”. Mais que um ícone do Carnaval, a família Zé Pereira é um símbolo do que a família sambentista tem de melhor, e por isso podemos afirmar: São Bento do Sapucaí sem Zé Pereira, não é São Bento!