História

Origem dos Habitantes: índios e bandeirantes

Pesquisa: Maria de Fátima Machado
Texto Adaptado por Paulo de Tarso Moreira Marques

O Município da Estância Climática de São Bento do Sapucaí situa-se ao leste do Estado de São Paulo, nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, Região Vale do Paraíba, mais especificamente no Alto Sapucaí. Compreende uma área de 279 km², dividindo em perímetro urbano: 91.405 km2 e rural 187,595 km2, com uma população de 10.355 (censo 2000) habitantes, sendo 44,68% na zona urbana e 55,2% na zona rural. Seu clima é ameno e saudável e o solo fértil permite uma agricultura diversificada que, ao lado da pecuária, forma a base econômica do Município que também produz hortifrutigranjeiros.

A história de São Bento do Sapucaí, remonta ao tempo do bandeirantismo, quando os paulistas de Taubaté galgavam a Serra da Mantiqueira e, pelo caminho velho do sertão, seguindo o curso do Rio Sapucaí, alcançavam as regiões auríferas das Minas Gerais.

Gaspar Vaz da Cunha, o Oyaguara, foi um dos primeiros a se fixar no Vale do Sapucaí e após ele muitos subiram a Serra e aqui se estabeleceram em vastas fazendas, onde desenvolveram a criação e o comércio de gado na região, apesar das acirradas disputas pelo domínio da terra conquistada pelos paulistas com os moradores da capitania de Minas Gerais.

Dentre esses fazendeiros destacou-se José Pereira Alves, o fundador da cidade. Era natural do Rio de Janeiro e morador de Pindamonhangaba. Adquiriu terras da região do Sapucaí-Mirim e se instalou com os familiares e escravos.

Contando já o povoado com cerca de 270 pessoas divididos em grupos, fazia-se sentir a necessidade de um padre que lhes ministrasse os sacramentos e de uma igreja para se reunirem na celebração a religião. José Pereira Alves, interpretando o sentimento dos sertanias, doou terras para construir uma capela e trouxe de Pindamonhangaba o Padre Júlio Velho Columbreiro, que benzeu o local onde se acha hoje a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, colocando ali a cruz da Redenção e uma bandeira com os dizeres: “Nossa Senhora Mãe dos Homens comovei os maus corações”. Mas o vigário de Pouso Alegre, Padre José Bento de Melo, frustou-lhe os intentos, arrancando a cruz e a bandeira e levando preso o padre Columbreiro. Pereira Alves não se deu por vencido e mandou que se iniciasse a construção da capela, mas teve que sustar o trabalho para manter a paz e o sossego com os conflitantes mineiros.

Serenados os ânimos, ele e sua esposa, Dona Ignez Leite de Toledo, doaram uma grande extensão de terras para ser erguida uma capela em louvor a São Bento, cuja imagem achava-se na capela da Guarda Velha, um pouco distante do povoado.

No dia 03 de fevereiro de 1832, o padre Manuel Alves Coelho, de Pindamonhangaba, aqui chegou e tomou posse de seu rebanho, fazendo o primeiro batizado numa casa particular, enquanto se construía a igrejinha para a qual foi transladada definitivamente a imagem de São Bento, vinda da Guarda Velha. A atual matriz só foi construída por volta de 1853.

Durante muito tempo teve-se como data de fundação o dia 3 de fevereiro de 1828, sendo seu centenário comemorado solenemente no ano de 1928. Posteriormente, adotou-se a data de 16 de agosto, data da elevação a categoria de Freguesia, no ano de 1832. Tempos depois a Freguesia passou a Vila, em 16 de abril de 1858, e quase uma década posterior, mais precisamente em 30 de março de 1876, tornou-se Cidade pela Lei nº 48, transformando-se em Estância Climática pela Lei Estadual de 26 de janeiro de 1976. O nome da cidade e do município está ligado ao Rio Sapucaí, que, na linguagem indígena, significa “rio que grita”. Logo foi escolhido o santo padroeiro do município, São Bento, fundador da ordem dos Beneditinos, em franca expansão no Brasil na época da fundação da cidade.

Há também a versão tradicional e popular que diz ter sido São Bento, o santo escolhido como padroeiro do lugar em virtude da proliferação de cobras venenosas na região, por sugestão dos escravos e colonos. A festa do padroeiro é celebrada no dia 11 de julho a e cada ano ganha maior brilhantismo. A Emancipação Política / Aniversário de São Bento do Sapucaí é comemorada todo 16 de agosto.

A população sambentista é tradicionalmente católica e herdou dos antepassados a celebração de muitas festas religiosas, destacando-se as festas de N.Sra. dos Remédios e São Benedito como as mais antigas ainda celebradas na cidade, introduzidas no século passado. Ao lado delas destacam-se a festa de Santo Antônio, Santo Expedito e Semana Santa.

Apesar de toda religiosidade, o povo é um tanto quanto místico, mantendo suas crenças, costumes e lendas que formam o folclore da região. Essas manifestações folclóricas se traduzem em danças, cantigas e artesanato, destacando-se a Catira, a Dança de São Gonçalo, os cantos de mutirão e a Encomendação das Almas.

Das lendas são as mais comuns: as do Saci, Mula sem cabeça, Assombração, Corpo Seco e as da Pedra do Baú.

Parte importante do folclore da cidade é o Carnaval. Documentos antigos nos dizem que era denominado “Saraus à fantasia” , logo no início do povoado. Por volta de 1890, já existiam os grupos carnavalescos, sujeitos à rigorosa legislação da Câmara Municipal da Intendência, que os obrigavam a portarem cartão de identificação e lhes proibia qualquer abuso, usando a justificativa de se acharem mascarados.

Sabe-se ainda que eram usado carros de bois para o carnaval de rua em épocas passadas. Os mesmos eram decorados em forma de castelos, pirâmides e navios, sendo que este último levava a banda de música, com seus componentes vestidos de marinheiros.

Há mais de um século, surgiram as figuras do Zé Pereira e da Maria Pereira, bonecos gigantes inspirados no folclore nordestino. Sua introdução no carnaval sambentista se deve à família Cortêz, João e Antônio Cortêz principalmente. Até hoje esses bonecos fazem a alegria das crianças e visitantes, no período carnavalesco, sambando e desfilando pelas ruas da cidade. Já está se tornando tradicional o carnaval de rua, com desfile de blocos e conjuntos de músicas carnavalescas que fazem o baile de carnaval na praça.

Na área de educação, a cidade conta com os seguintes estabelecimentos de ensino: ensino infantil no EMEI Jardim Encantado, um de ensino fundamental de 1ª a 4ª série, E.M.E.F. Cel. Ribeiro da Luz, o mais antigo estabelecimento de ensino da cidade, onde também existe o Projeto EJA – Educação de Jovens e Adultos e Escola Estadual “Dr. Genésio Cândido Pereira”, onde funcionam de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e 1ª ao 3ª séries do ensino médio. Toda zona rural é servida por escolas de ensino fundamental municipal. Também a escola particular IEPES Instituto de Ensino e Pesquisa Sapucaí – ensino fundamental e médio.

Na parte esportiva, a cidade possui um conjunto poli-desportivo (Centro de Lazer do Trabalhado): ginásio de esportes com quadra coberta, um campo de futebol, dotado de boa infra estrutura: Estádio Municipal Benedito Gomes de Souza (Campo de Futebol e Pista de Bicicross) além das quadras das escolas.

A comunicação com o Sul de Minas, Vale do Paraíba e Capital, é feita por meio de estradas de rodagem asfaltadas, onde trafegam linhas regulares de ônibus- Expresso da Mantiqueira e Viação Gardência. Hoje a cidade tem acesso direto a Campos do Jordão pela Estrada Vicinal do Toldi.

A cidade recebe as imagens de quatro canais de televisão (via repetidor) – Bandeirantes, SBT, Rede Globo/Vanguarda, Bandeirantes e Rede Vida, é também servida de telefone fixo e público – Telefônica – código de área 012, também telefonia celular, eletrificação inclusive na zona rural, transmitida pela ELEKTRO Serviços de Eletricidade, Correios e Telégrafos, água fornecida pela SABESP, a cidade possui rede de esgoto, mas a SABESP não oferece sistema de tratamento do mesmo, enfim, possui melhoramentos necessários para a saúde e bem estar da população residente e visitante.

A Santa Casa de Misericórdia, Pronto Socorro Municipal, Maternidade e o Centro de Saúde “Dr. Vítor Monteiro” prestam serviço à população, inclusive odontológicos.

A Assistência Social, comandada pela Prefeitura Municipal, engloba as crianças e idosos e os menos favorecidos, com a ajuda da população e outras associações religiosas, como os Vicentinos, que atua principalmente nos bairros.

Orgulho de seus filhos ilustres entre eles: Plínio Salgado, Miguel Reale, Abade Pedrosa, Desembargador Affonso José de Carvalho, Eugênia Sereno, e tantos outros que sempre souberam elevar o nome de sua terra natal, terra esta que por suas belezas naturais fala de perto aos que a visitam, transmitindo-lhes uma mensagem de paz e tranquilidade.

E foi neste ambiente que Lamartine Babo se inspirou para compor a canção “No Rancho Fundo”, quando aqui se achava para tratamento de saúde, usufruindo das propriedades curativas do nosso clima.

Sua topografia montanhosa e farta vegetação proporcionam um clima ameno e saudável. A famosa PEDRA DO BAÚ (1950 m de altitude) representa um de seus acidentes geográficos de maior relevância. Outros locais procurados pelos visitantes são a Cachoeira do Toldi, Cachoeira dos Amores, Cachoeira dos Serranos, Pedra da Divisa, Rampa de Vôo Livre, etc. Foi conhecida como a Estância da Aventura, por abrigar a prática de uma série de Esportes de Aventura.

Pular para o conteúdo